domingo, dezembro 09, 2007

D. Cappio entra no 12º dia de jejum

Caravanas do interior da Bahia, de Pernambuco, de Sergipe e de Alagoas começaram a chegar nesta manhã a Sobradinho, na Bahia, 554 quilômetros a noroeste de Salvador, para o ato ecumênico previsto para a manhã de domingo, em apoio ao bispo de Barra, d. Luiz Flávio Cappio, que hoje entrou no 12.º dia de jejum contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. Espera-se que 10 mil pessoas, entre religiosos, fiéis e integrantes de movimentos sociais de todo o País compareçam ao evento.

Também passou o dia na cidade a atriz Letícia Sabatella - causando certa confusão nos arredores da Capela de São Francisco, onde o bispo está hospedado. Integrante do Movimento Humanos Direitos - organização não-governamental comandada pela também atriz Dira Paes -, Letícia chorou ao falar com o bispo. "Ele é um exemplo para todos nós", acredita. Durante a semana, o movimento havia mandado uma carta de apoio ao bispo, assinada por 48 integrantes.

Cada vez mais abatido, mas firme no propósito de ingerir apenas soro caseiro - pelo menos três litros por dia, segundo recomendação médica -, Cappio acordou antes das 5 horas, disse se sentir bem e seguiu seu ritual de orações e de recepção aos fiéis.

Durante o dia, reafirmou que seu protesto será levado "até o fim" caso o Exército não deixe os canteiros de obras e o projeto não seja arquivado. "Não quero morrer, mas a vida do rio e do povo do rio vale meu sacrifício e meu martírio, se for preciso", acredita. O bispo também voltou a afirmar que, para ele, o projeto de transposição é uma "farsa de marketing", que usa a imagem da erradicação da sede no interior nordestino para "aplacar a sanha pela acumulação ilimitada de capital".

"É um absurdo usar o imaginário da seca para justificar a implantação do mercado da água bruta no sertão do Nordeste, feito para abastecer grupos econômicos que precisam do uso intensivo de água", ataca. "O que não se mostra é que esta ameaça pode ser fatal para o rio - e para a população que vive dele -, como já é perceptível aqui em Sobradinho, onde o reservatório, construído há 30 anos, está com menos de 14% da capacidade."