terça-feira, abril 03, 2007

O farmacêutico na realidade desde a graduação


Marcelo Campese1

O ensino superior, especialmente a graduação, no Brasil está passando por um período de transição com as reformas ocorridas após a Constituição Federal de 1988, com conflitos, contradições e desfinanciamento, em meio a uma política pouco estruturada e não comunicante entre o gestor (MEC) e a sociedade civil.

Entretanto, é preciso considerar que houve um avanço, que é a superação dos Currículos Mínimos e a abertura que as novas DNC dão aos cursos. Esta abertura deve ser consolidada em uma prática educacional que permita o contato com a realidade e que prepare os egressos para o século do dinamismo, da informação na velocidade da mídia eletrônica, principalmente a internet, em um país com enormes diferenças sociais, precarização do trabalho e desfinanciamento do setor público.

O farmacêutico tem um lugar, uma função estratégica e essencial no pensar e agir em saúde e para a promoção da saúde. Sua atuação deve permear o domínio do ciclo do medicamento (da pesquisa até o acompanhamento do uso), das Análises Clínicas (desde a orientação sobre a coleta da amostra para o exame até a análise do laudo) e da Vigilância em Saúde (sanitária, epidemiológica, ambiental) com base e foco no território.

Consciente do seu inacabamento e atuando de uma forma multiprofissional, cooperativa, sem perder o afeto, o farmacêutico deve estar apto às necessidades da sociedade, contribuir para a melhoria da qualidade de vida, empoderando a população e a si mesmo dos seus direitos e deveres no Estado e na sociedade.

A formação generalista está voltada para o território e para a prática. Permite ao egresso de Farmácia conhecer a principais e as mais comuns necessidades da comunidade, dando-lhe segurança e autonomia para tomar as decisões.

Este processo de transformação está apenas começando, e para que tenha sucesso são necessárias discussões francas em que docentes, discentes, instituições e a sociedade exponham seus desejos, seus medos e suas esperanças. Estes espaços sem represálias, sem punições ou gratificações por discordar ou concordar com algum parecer devem ser estabelecidos em todas as instituições. E os estudantes cientes do seu papel de sujeito deste processo devem fomentar o debate e deixar o seu legado para os colegas do futuro.

Marcelo Campese, Farmacêutico, Tesoureiro da AFCR.

Leia na Integra: “PROPOSTA PARA ENSINO DA ATENÇÃO BÁSICA NA FARMÁCIA” monografia de Marcelo Campese (muito boa, traz um histórico sobre as reformas, aponta falhas que permanecem e coloca uma proposta de mudança)